sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Um filme para ser visto com calma


É impossível imaginar o cenário do cinema italiano sem a contribuição do ator-cineasta, Nanni Moretti (foto).

Por Ana Carla Freitas e Renato Papis

Pensando em algo para compartilhar com os nossos amigos leitores, eu e a minha colega de faculdade do curso de jornalismo Ana Carla Freitas, pensamos no post desta semana algo diferente. Escrever um único texto sobre um determinado assunto. Como? A idéia surgiu depois, que juntos no sábado partimos para uma seção de cinema com o compromisso de assistir um dos filmes indicados pela professora Helena Jacob do curso de jornalismo cultural.

O filme escolhido foi o italiano Caos Calmo, do diretor Antonello Grimaldi e estrelado pelo talentoso ator-cineasta Nanni Moretti. A película, baseada no livro de Sandro Veronesi aborda de forma dramática as reações vividas por um empresário diante da trágica morte da sua esposa num acidente doméstico na casa de verão da família.

Sinopse - A partir daí, chama a atenção a maneira pela qual Pietro (Nanni Moretti) adapta toda a sua rotina para não se distanciar de Cláudia (sua filha), ficando o dia todo sentado no banco da praça em frente à escola da filha, para a qual acena durante o intervalo da aula; participando de conversas com as mães de outros alunos - tudo isso enquanto elabora mentalmente listas e listas de banalidades, cuja principal função parece ser a de distanciá-lo dos conflitos presentes. Vale tudo: a lista das companhias aéreas pelas quais já viajou; os endereços nos quais já morou; dos lugares aos quais não voltará mais; até, finalmente, a das coisas as quais não agüentou ver, culminando com a imagem de sua mulher morta em meio a fatias de melão.

Neste filme o que mais nos chamou a atenção, como também o outro filme, O Quarto do Filho, do diretor italiano Nanni Moretti, é que suas personagens vivem tramas da vida como ela é. E o que mais fascina nos filmes europeus é que eles tratam temas da vida cotidiana (morte, separação, droga) sem explorar soluções fáceis, como nas obras hollywoodianas.

Algo interessante é o fato de mostrar como cada pessoa lida com uma perda, muitas vezes, não chorar, continuar vivendo não significa que não estamos sofrendo. O que muda é a forma de como sofremos. Mais importante do que “se entregar a tristeza” é fazer com que essa nova situação faça-nos enxergar o que não aproveitamos da vida.

Por fim, na nossa opinião, foi a melhor coisa que o cinema italiano fez, unir dois dos seus grandes cineasta, Moretti e Antonello Grimaldi. Este filme é para ser visto sem pressa alguma. Vale a pena assisti-lo.

Ficha técnica:
Diretor: Antonello Grimaldi
Elenco: Nanni Moretti, Alessandro Gassman, Valeria Golino
Nome Original: Caos Calmo
Ano: 2008
País: ITA/ING

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Paraty, um encanto de cidade


Por Emanuelle Leal


Uma boa dica para o fim de semana ou um feriado prolongado é a cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, próximo ao litoral norte de São Paulo.
Fundada em 1667, Paraty é considerada Patrimônio Histórico Nacional e preserva até hoje seus encantos naturais, sendo possível andar pelas ruas de pedra “pés-de-moleque’’e símbolos maçônicos que enfeitam as paredes das igrejas traduzem o estilo da época.
Além de seus encantos históricos, a cidade presidia um dos eventos culturais mais conhecidos da região, a conceituada Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). Realizada desde 2003, o evento traz escritores nacionais e estrangeiros para participar das palestras e debates nos prédios históricos ou em tendas armadas na rua. Neste ano de 2008 a FLIP homenageia Machado de Assis.
É em Paraty que ocorre também o Festival da Pinga, Festa do Divino Espírito Santo, Festa de Nossa Senhora dos Remédios, Paraty em Foco e a Mostra Rio-São Paulo de Teatro de Rua.
Reduto de cultura, informação, encantos e tranqüilidade , Paraty fica próximo de Trindade, onde é possível ter um contato maior com a natureza e percorrer uma trilha que leva até a uma piscina natural encantadora.
Enfim, para fugir da correria do dia a dia, da poluição e loucura de São Paulo, Paraty é uma boa opção.
Para mais informações sobre a cidade acesse: www.paraty.com.br.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Livro para Voar" é grátis


O movimento Livro para Voar (www.livroparavoar.com.br) começa a ser executado em São Paulo, a partir de quarta-feira (29). A idéia é largar exemplares dos mais variados gêneros e estilos, em locais públicos, como ônibus, praias, shoppings e banco de praças, para que alguém os econtre, pegue e leia e depois passe adiante. Essa campanha foi inspirada numa iniciativa internacional popularizada pelo site Bookcrossing.com, cujo objetivo é estimular a leitura gratuita através de uma biblioteca informal. O movimento que teve início nos Estados Unidos, já está disseminado em noventa países.
Os livros terão um código com etiqueta na contracapa e, ao longo do tempo, quem acessar o site pode informar ou descobrir o paradeiro da obra.
A rede de postos de combustível Ale é a parceira do projeto e será responsável por distribuir em 58 unidades da Capital, mais de 2.900 exemplares de vinte títulos. Quem quiser poderá levar ou buscar o seu livro.
Caso encontre um livro do projeto Livro para Voar, visite a aba “Achei um livro”. Lá o usuário pode digitar o número BCID presente na etiqueta, ver por onde esta obra tem andado e o que as pessoas acham dela.
Depois de ler, não esqueça de registrar também sua opinião e, claro, “perder” novamente o livro para que ele continue sua viagem.
Além disso, você pode fazer o movimento crescer libertando livros que tenha em casa. Participe!

(Abel Silveira Prado)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Uma boa e diferente opção para o fim de semana: Fuerza Bruta



Por Denise Caravaggi

Dos mesmos criadores argentinos do De La Guarda, FuerzaBruta é um espetáculo que promove interação entre a platéia e os atores durante 70 minutos. Envolvendo muita dança e coreografia, surpreende o público a cada momento. O cenário não é fixo, a produção entra no meio do espetáculo para modificar as cenas, envolve as pessoas que estão na platéia e que devem interagir com os objetos que entram em cena. O público passa o tempo inteiro de pé, e faz parte do espetáculo.
Em cartaz em São Paulo até o dia 09 de novembro, no Parque Villa Lobos, FuerzaBruta é dirigido por Diqui James e a trilha sonora é assinada por Gaby Kerpel. Onze atores compõe o elenco de um espetáculo de linguagem e propósitos abstratos.
Para quem ainda não assistiu, não perca! É muito além do que estamos acostumados de ver nos teatros, é uma proposta super diferente e encantadora. Não tem como explicar a sensação de estar lá!
Mais informações no site: http://www.fuerzabrutabrasil.com.br

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Álvaro Siza Modern Redux


Por: Ana Carla Freitas

Em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, a exposição Álvaro Siza Modern Redux enfoca os 10 últimos anos de trabalho do renomado arquiteto português, apresentando 12 projetos selecionados pelo curador Jorge Figueira por meio de maquetes, fotos, desenhos e projetos.
Na exposição serão apresentadas casas, museus, espaços culturais e de esportes localizados em Portugal, Brasil, Espanha, Bélgica e Coréia do Sul que sublinham o significado de uma produção que alcançou o Prêmio Pritzker (1992) e o Leão de Ouro, na Bienal de Veneza (2002), com o projeto para a recém-inaugurada Fundação Iberê Camargo, localizada em Porto Alegre.
Entre os projetos está o Pavilhão Anyang, Anyang, Coréia do Sul (2005-2006), a sua primeira obra na Ásia, que representa o lado mais "poético", mais "artístico" de Siza, segundo o curador. “O próprio programa permite uma liberdade que Siza aproveita para fazer uma síntese de alguns dos seus temas formais e espaciais mais singulares”, acrescenta.
O Complexo Desportivo Ribera-Serrallo, Cornellà de Llobregat, Espanha (2003-2006) foi Prêmio Secil 2006, o grande prêmio de Arquitetura em Portugal, e representa uma renovada vontade do Siza - tendo em conta que as suas primeiras obras são da década de 50 - em continuar a fazer uma arquitetura “surpreendente e aventurosa”.
O arquiteto formado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto construiu na sua terra natal, Matosinhos (Portugal), os seus primeiros projetos. Desde então registrou momentos importantes na história da arquitetura, como a experiência com habitação social nos anos 70, construção de museus nos anos 90, até um exercício mais livre da sua profissão, percebido atualmente.

Álvaro Siza Modern Redux
Abertura: 16 de outubro, às 20h
Até 23 de novembro de 2008, de terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP Fone: 11.2245-1900

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Musical Mamma Mia traz Meryl Streep nas telas do cinema

Por Emanuelle Leal
Após o sucesso de O Diabo veste Prada, Meryl Streep estréia no musical Mamma Mia como a doce mãe de uma jovem garota que vai se casar e que sonha conhecer seu pai. O filme que chegou aos cinemas no último dia 12, tem no repertório músicas do grupo sueco ABBA, como Dancin’ Queen e The winter takes it all.
Baseado em uma obra da Broadway, o longa traz em sua direção Phyllida Lloyd, que também comandou a montagem teatral e um elenco rico com Pierce Brosnan, Stellan Skarsgard e Colin Firth.
Meryl está mais uma vez muito bem em sua atuação. A atriz revelou ter visto a peça com a filha na Broadway pela primeira vez dias após os ataques de 11 de setembro e desde daquela época se apaixonou pela obra.
Mamma Mia é capaz de encantar até mesmo aqueles que não gostam de musicais, devido às canções cativantes e que envolve o espectador. E um outro fato que encanta é que a história se passa em uma maravilhosa ilha na Grécia.
A paisagem paradisíaca encanta, enfeitiça e com a animação das músicas e coreografias, qualquer um quer sair dançando e cantando após o filme.

domingo, 12 de outubro de 2008

Novos espaços de moradias

A foto ilustra a obra de Diégues e Gilardi, intitulada Plug Out Unit Brasil, 2007.


Por Renato Papis

A Exposição "Moradias Transitórias", que mostra a visão que diversos artistas têm sobre habitação, permanece em cartaz até o dia 09 de novembro no hall de entrada do SESC Vila Mariana, com entrada franca.

Cada artista convidado tem um relacionamento particular com os temas referentes à habitação que passam a ser a base de inúmeros estudos formais e mentais. Casa, ninho, caverna, como identificação material e simbólica das espécies vivas. Microarquiteturas como refúgios de intensidade primária, asilos para seres que se comunicam por meio de códigos mutantes e a aparição de novas ordens familiares organizadas fora das relações formais de parentesco.
A principal característica da exposição apontada pelo diretor Regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda é refletir sobre a temática da moradia, seus desdobramentos e os complexos exercícios a que ela obriga, como o enfrentamento da solidão e o esforço para o estabelecimento de uma convivência que privilegia o respeito ao outro e ao diverso.

Arquitetos participantes
Gustavo Diéguez e Lucas Gilardi – Obra: Plug Out Unit Brasil

Ana Miguel – Obra: Rosa morada

Domènec – Obra: Superquadra casa-armário

Emiliano Godoy – Obra: Dirigible, uma casa de 'Tarzan'

Jum Nakao e Pop Carvalho – Obra: Paisagem urbana

Lucy e Jorge Orta – Obra: Urban Life Guard - Ambulatory Sleeper, Connector Mobile Village I e Body Architecture - Foyer D

Ralph Gehre – Obra: Adulterações objetivas - Tomos I a XVIII.

A intenção é que esta exposição, sob a curadoria do arquiteto Nicola Goretti se torne um convite à observação de uma arte urbana, cosmopolita, plena de realidade e, portanto, de beleza humana.

Em uma visita pela exposição, a obra que mais me indentifiquei foi a SuperQuadra, casa-armário do artista catalão Domènec. Achei interessante esta maquete moradia, dividida em cama e compartimento para alimentação e primeiras necessidades, ideal para nós que moramos em megalópoles como São Paulo. O artista conseguiu pensar na sua obra, na função e no conforto, no melhor aproveitamento dos materiais e limpeza das formas.
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
São Paulo - SP
tel.: 5080-3000

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Cidadania: uma questão cultural

Por Denise Caravaggi

A cada dois anos o Brasil e os demais países do mundo passam pelo período eleitoral. O sistema de votação é diferente em todos os lugares. No Brasil o voto é obrigatório e feito em urnas eletrônicas. Em outros países, como os da Europa e nos Estados Unidos, não é obrigatório e feito no antigo sistema “cédulas de eleição”.
Sendo o Brasil um adepto a chamada democracia, por que o voto não pode ser livre?
A cidadania é um fator cultural, que se origina de cada sociedade. Nos Estados Unidos, por exemplo, o sistema eleitoral é único. O processo é desenvolvido em duas partes: a primeira quando ocorre uma pré-votação dentro dos partidos dos 50 estados Americanos, tanto nos republicanos quanto nos democratas. Neste caso os candidatos se apresentam com suas propostas e os eleitores presentes elegem os delegados às convenções partidárias nas quais, por sua vez, são escolhidos os nomes que concorrerão ao governo pelo respectivo partido. E o segundo é o que todos já conhecemos, que é o sistema eleitoral por cédulas. Em ambos os casos, os eleitores participam e querem participar do processo eleitoral. O ato de votar e escolher quem estará comandando o seu país, estado ou município é essencial para o cidadão americano. Eles gostam e fazem questão de participar.
Considero tal característica como tendo base uma questão cultural pois os cidadãos americanos sempre foram patriotas. Já no Brasil essa questão política sempre foi um pouco mais delicada. Primeiro é um país de terceiro mundo, com uma economia desregulada, com muita miséria e falta de saneamento básico e educação. Em relação a questão política, houve o período a ditadura militar, uma época de sofrimento e dor para sociedade brasileira, os milhares de escândalos políticos envolvendo corrupção. Enfim, o cidadão brasileiro não é culturalmente um ser político. Ele vota por que é obrigado a votar... a minoria acredita fielmente em algum candidato e que ele pode fazer algo para mudar o país.

Na memória e na consciência de José de Alencar

O lançamento em livro, “Cartas a Favor da Escravidão”, escritos em 1867 pelo romancista e jornalista José de Alencar, publicado pela editora Hedra, surpreende por sua posição em defesa da manutenção da escravidão no Brasil.
Indo em direção contrária as pressões internacionais, as quais forçaram o imperador D. Pedro II formular uma proposta para um prazo ao fim da escravidão, Alencar justifica que a extinção deveria ocorrer através de um processo “natural” de maturação – processo que na Europa, ele diz, levou séculos.
A instituição fora abolida no império inglês (1833), nas colônias francesas (1848) e nos EUA (1863). Somente em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assina a Lei Áurea que extingue de vez a escravatura no Brasil.
Até a abolição, como escreve Miguel Reale Júnior, membro da Academia Paulista de Letras, em artigo publicado no O Estado de S. Paulo, pág. A2, em sua edição de 9 de outubro de 2008, “o trabalho manual era próprio dos não considerados pessoas, mas coisas, objetos comercializáveis, um componente corporal. O ser humano transformara-se, na escravidão, em força destituída de direitos, a ponto de entender o Tribunal de Apelação de Pernambuco que jovem escrava estuprada por seu dono não podia, na ação criminal, ser representada pelo Ministério Público, como pessoa miserável, pois, se era miserável, no entanto, não era pessoa”.
A psicanalista Tales Ab´Sáber, em crítica contundente a posição política de Alencar, diz: “Há muito que circula a percepção em círculos progressistas de que as elites nacionais poderiam funcionar por princípios pré-modernos em plena modernidade, diante dos quais o horizonte real de desenvolvimento social do país não é um móvel histórico forte.
A vida ideológica estável de nossa época nos impede de checarmos as concepções de mundo do poder e seu controle do corpo e destino no mundo do trabalho. Em um tempo em que todo poder emana do capital, e a crítica da violência no espaço do trabalho está vedada por princípio, apesar da virtual escravidão, a verdade é que a violência contra o trabalho continua aí, presente, configurando amplos setores da economia. No entanto, tais novos senhores do trabalho do outro estão justificados a priori.
Afinal, imensas empresas, como as grandes marcas esportivas ocidentais, não exploram também ao extremo o trabalho, até mesmo o infantil no sudoeste asiático, ao mesmo tempo em que terceirizam as responsabilidades, como se nada tivessem a ver com essa ordem de iniquilidades. Mesmo quando ganham tudo com ela?”.
Análise/livro/”Cartas a Favor da escravidão”, pág. E4, Ilustrada, Folha de S.Paulo, 9 de outbro de 2008.
Tâmis Parron, organizador do livro, escreve na introdução aos textos de Alencar que se trata de uma “provável tentativa de expurgar sua memória artística de uma posição moralmente insustentável para os padrões culturais hegemônicos desde o século 19”.
(Abel Silveira Prado)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A Paulista vista do alto


Nesta foto, detalhe da fachada do restaurante que oferece uma sacada para a avenida Paulista, onde me servi de uma deliciosa sopa de gengibre.

Por Renato Papis

Se você passar pela Avenida Paulista, certamente vai parar no restaurante do Sesc Av. Paulista. O restaurante está bem escondido fica localizado no terraço do décimo quinto andar do Sesc. O restaurante além de servir lanches, bebidas, porções e doces, oferece uma vista panorâmica privilegiada da Av. Paulista e da cidade, entre os quais a Serra da Cantareira e o Pico do Jaraguá.

A decoração é simples e de bom gosto e possui uma sacada para a avendia Paulista. Pelo que pude, pessoalmente, apurar a comida servida é de muita boa qualidade e de preço acessível. Na primeira vez que jantei nesse restaurante, apreciei uma sopa de gengibre e cenoura. Onde já se viu, sopa de gengibre? Pois existe e é deliciosa. Gostaria de ter conhecido antes.
O restaurante é aberto ao público de terça a sexta, das 9h às 21h e sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h.


Serviço

Avenida Paulista, 119
Paraíso - São Paulo - SP
telefone: 11 3179-3700

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O Nazismo em segundo plano


Por: Ana Carla Freitas

Escrito por Markus Zusak, “A menina que roubava livros”, faz a morte contar a história de uma menina que rouba seu primeiro livro meio que por acaso, e depois descobre que é isso que dá sentido à sua vida, não somente o fato de roubar, mas o amor pelas palavras. A vida dos personagens, bem como suas personalidades, é muito influenciada pelo pano de fundo - o Holocausto.
A idéia do livro começou quando o autor escrevia outra obra, mas já pensando em escrever um livro sobre um ladrão de livros. Uniu essa forma com a vida que seus pais levaram por crescerem na Alemanha nazista e principalmente na importância das palavras ditas naquela época e que faziam as pessoas acreditar, assim como levá-las a fazer.
A Menina que roubava livros apesar de triste não pode ser comparado com algumas publicações do mesmo gênero, como o Caçador de Pipas ou A Cidade do Sol, pois muitas partes do livro realçam a felicidade da protagonista, mesmo vivendo humildemente e ter passado por perdas irrecuperáveis: a morte do irmão e o abandono da mãe.
É uma história gostosa de ler que prende a atenção no começo, quando se espera algo a mais sobre como o autor vai retratar o nazismo e o massacre aos judeus, mas esse desenrolar demora a aparecer e nos momentos em que a história nazista engrena, muda-se o foco para a ficção do livro.
Infelizmente o que deveria ser principal ou caminhar com a protagonista, fica em segundo plano, como se tivesse a intenção de ilustrar a ficção e não de andarem na mesma sintonia. O que é uma pena já que o intuito (de muitos) de ler a obra foi o fato de retratar a Alemanha naquele período.
O livro se apega em muitos detalhes de locais, pessoas e formas, ocasionando um cansaço na leitura em determinados momentos, mas o final compensa os momentos de “solidão” do livro. O autor acelera os acontecimentos e finaliza de uma forma inusitada, que com certeza arranca lágrimas de seus leitores.